INVESTIGADORES DA FELICIDADE: AGENTES DEFENDEM MUDANÇA DE PARADIGMA PARA UMA NOVA CIVILIZAÇÃO


Pioneirismo. O psiquiatra português Mário Simões, o monge francês Matthieu Ricard, considerado o homem mais feliz do mundo, e a psicóloga Marisa Oliveira

Espiritualidade

Investigadores da felicidade 

Agentes defendem mudança de paradigma para uma nova civilização

PUBLICADO EM 08/09/15 - 03h00 , porAna Elizabeth Diniz
Especial para O TEMPO

Um grupo de investigadores luso-brasileiros, criado em Portugal, centra suas pesquisas na felicidade, por meio de uma proposta acadêmica temperada com o afeto.
Eles são os agentes ativos da felicidade, que têm como meta contribuir para que as pessoas e as comunidades sejam mais felizes e, com isso, possam influenciar o meio no qual estão inseridas – família, escola, trabalho e comunidade – tornando-o mais saudável e feliz.
“Os agentes ativos da felicidade são pessoas que, após um processo de resgate interno de suas potencialidades positivas, passam a atuar como facilitadores de transformação, tornando-se promotores do bem-estar”, esclarece Marisa Oliveira, psicóloga formada pela Universidade Federal de Minas Gerais e mestre em psicologia positiva pela Universidade Técnica de Lisboa.
Para fazer com que essa transformação ocorra nas pessoas, a psicóloga e o psiquiatra português Mário Simões criaram uma metodologia inédita, chamada Psicoterapia Trajetória de Vida e Oficina Trajetória de Vida, que associa práticas de relaxamento com os protocolos da psicologia positiva.
“A psicologia positiva foi criada há cerca de 20 anos, tendo entre seus fundadores o psicólogo norte-americano Martin Seligman, professor da Universidade da Pensilvânia. Por mais de 30 anos, ele atendeu pessoas deprimidas e inverteu o curso de seus estudos. Em vez de se dedicar a entender as fraquezas humanas que deixam as pessoas ansiosas, neuróticas e de mal com a vida, ele buscou respostas para compreender quais são as raízes da felicidade e indicar caminhos para que as pessoas se tornem felizes”, explica Marisa.
A psicologia positiva dá ênfase e realimenta as forças, as emoções e os traços positivos da pessoa, em vez de focar apenas os aspectos negativos, como faz a psicologia tradicional.
“Acreditamos que é possível ter uma humanidade mais feliz e com mais esperança, podendo influenciar as gerações futuras para que também sejam mais felizes. Isso pode acontecer a partir do momento em que resgatarmos tudo aquilo que temos de bom dentro de nós, como o riso, a alegria, a solidariedade, a delicadeza, a gentileza, o perdão, a compaixão, a música, a poesia”, considera Marisa.
Para a psicóloga, é fundamental deixar de lado o individualismo e pensar mais no coletivo. “Precisamos colocar para fora e praticar nossas virtudes mais preciosas e os valores que andam esquecidos. Se eu pratico o bem, estarei dando minha contribuição. Se o outro também fizer assim, ampliamos a rede e podemos, porque não, transformar a comunidade ao nosso redor. De comunidade em comunidade podemos atingir um país inteiro”.
Marisa cita uma pesquisa como fonte de reflexão. Ela aponta que 15% da humanidade tem tendência à destruição e 27% está engajada em missões voltadas para o bem. O restante, mais de 50%, está indeciso.
“Se conseguirmos sensibilizar positivamente pelo menos 5% desses indecisos, já estaremos dando uma grande contribuição para o bem-estar do planeta”, propõe a psicóloga.
Após a criação dessa metodologia e do conceito de agentes ativos da felicidade, os dois profissionais conquistaram vários adeptos em Lisboa e ministram cursos em todo o mundo.
Marisa Oliveira vai ministrar o curso de formação de agentes ativos da felicidade nos dias 12 e 13 de setembro, das 8h às 18h, na avenida Getúlio Vargas, 286, Savassi. Informações e inscrições no Instituto Brasileiro de Medicina Natural. AGENDA: (31) 3282-2604 e (31) 3225-6166(31) 

Parceria com foco na psicologia
O Laboratório de Investigação da Arquitetura Cognitiva (Laico), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), fez uma parceria com o Laboratório de Interação Mente-Matéria de Intenção Terapêutica (Limmit), que funciona dentro da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. 

A ideia é partilhar os estudos sobre a consciência e seus componentes, assim como as intervenções voltadas ao desenvolvimento integral humano.

“O Laico tem como missão incentivar e promover estudos que busquem investigar cientificamente a validade de construtos psicológicos inovadores e capazes de trazer transformação no conhecimento atual”, comenta o coordenador do laboratório, Cristiano Mauro Assis Gomes, professor do Departamento de Psicologia da UFMG e dos programas de pós-graduação em neurociências e de psicologia.
O professor destaca a importância da parceria com o psiquiatra Mário Simões e com a psicóloga Marisa Oliveira. “Eles têm realizado um trabalho bastante promissor no campo das intervenções terapêuticas em prol do desenvolvimento humano, associado ao campo da consciência. Espero que essa parceria seja uma próspera construção de novos conhecimentos”, ressalta Cristiano. 
Consciência é alvo de pesquisa
Os agentes ativos da felicidade são associados ao Laboratório de Interação Mente-Matéria de Intenção Terapêutica (Limmit), que funciona dentro da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e é dirigido pelo psiquiatra Mário Simões e pela psicóloga Marisa Oliveira.

Foi criado em 2014, mas oficializado neste ano. “Trata-se de um laboratório inovador de neurociências, que procura entender cientificamente a consciência humana, abordando a interação mente-matéria, as suas aplicações clínicas e práticas e o estudo de traços e estados de consciência”, explica Marisa. A proposta do Limmit é desvendar um dos grandes mistérios da ciência, a consciência. 

Em Belo Horizonte, Marisa vai oferecer o curso de formação de agentes ativos da felicidade, em parceria com o Instituto Brasileiro de Medicina Natural (Ibramena). No dia 13, o grupo de agentes vai promover o evento Gesto da Esperança, na praça da Liberdade. “Será um gesto singelo, quando vamos distribuir flores e mensagens de esperança aos transeuntes. Acreditamos que é preciso e necessário levar mais esperança às pessoas”, finaliza Marisa. 


Fonte:http://www.otempo.com.br/interessa/investigadores-da-felicidade-1.1107122



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